sexta-feira, 18 de julho de 2014

Não mecha no meu jardim!



Quando eu era criança, a professora da escola passou uma experiência como dever de casa.
Ela dizia: - Turma, vamos todos fazer uma experiência científica: vamos plantar um feijãozinho no algodão. É muito simples, vocês vão precisar de um pouco de algodão, um copo ou pires e um grãozinho de feijão. Basta molhar o algodão e plantar lá o seu feijãozinho, mas lembrem-se, vocês devem mantê-lo sob a luz do sol e com o algodão sempre úmido pra que ele cresça saudável. Quero que façam pra mim um diário, contando como cuidaram de suas plantinhas e o que foi acontecendo com elas a cada novo dia.
Fiquei muito animado, estava louco pra chegar em casa e começar logo a minha experiência. Eu não fazia ideia de tudo o que há por traz do crescimento de uma planta, só sabia que elas cresciam e pronto. Hoje sei praticamente tudo e este conhecimento se deve muito à esta experiência, mas não foi só isso o que aprendi com este dever de casa.
Pedi ajuda do meu papai e da minha mamãe: eles trouxeram os materiais e eu logo tomava da mão deles pra fazer, mas não conseguia porque não sabia nem por onde começar, então a mamãe fez pra mim e a cada passo do plantio do feijãozinho, eu ficava hipnotizado e imóvel.

1ª lição: As mães sabem um pouco de tudo, e são autodidatas. A delicadeza e o cuidado com que a mamãe plantou meu pézinho de feijão me deixaram impressionado.

Depois que mamãe terminou de plantá-lo em um pires, ela colocou na minha mão. Como prestei muita atenção no modo como ela agiu, mal consegui segurar com medo de estragar tudo, então eu disse:
- Mãe, coloca ele no sol, a professora falou pra não esquecer.
Me lembro bem, ela pediu pro papai colocar na área, bem embaixo da viga de sustentação, porque lá o sol batia, mas na medida certa (nem muito, nem pouco). Eu gostei tanto daquilo que fiz mais dois, no total eu tinha três pézinhos de feijão.
Cuidei deles como se fossem meus filhos, toda hora eu olhava, chamava a mamãe pra regar eles, e quando as raízes começaram a sair eu mal podia acreditar. Pra mim era uma maravilha de DEUS.

2ª lição: A inocência de uma criança é algo fantástico e deveria ser eterna, tratada como um tesouro precioso.

Os dias foram passando e eles foram crescendo, foi preciso plantá-los na terra, papai fez isso pra mim, foi então que brotaram as vagens. Corri pra perguntar a mamãe o que era e descobri que daquilo sairiam mais feijões. Foi aí que comecei a sonhar e ir bem longe, imaginei que ia plantar milhares e milhares de pézinhos de feijão (mas no meu quintal não caberia nem 1% disso), imaginei que minha mamãe iria tirar da minha plantação os feijões pro nosso almoço, imaginei se eles seriam saborosos ou não (estava louco pra experimentar), mas em momento algum pensei em dinheiro.

3ª lição: A pureza de uma criança e a falta de limites quando se trata da imaginação de um ser tão próximo de DEUS e que nunca é arrogante ou ambiciosa. É perfeitamente compreensível o fato de nosso SENHOR querer que as criancinhas sempre estejam próximas a ele.

Nessa oportunidade, ouvi dizer que meus feijões só ficaram tão lindos porque cuidei deles com carinho. Fiquei muito feliz ao ouvir isso, mas hoje, aprendi que eles cresceram porque segui os procedimentos necessários pra que eles germinassem. Não gostei de ter aprendido isso, e não concordei, se eu tivesse dado só carinho e não os tivesse regado, sei que eles morreriam, mas se eu não sentisse a mínima afeição a eles, eu não cuidaria deles e eles também não sobreviveriam.

4ª lição: As crianças aprendem seus valores e eles ficam pra sempre quando criam uma raiz forte já que o mundo sempre tenta corromper o que é correto.

Depois dos feijões, aprendi sobre as flores. Foi aí que me apaixonei pra valer : elas são lindas, reúnem absolutamente tudo o que me deixa admirado e encantado, e, delas, tirei mais um valor que sempre vou carregar comigo...
Ao arrancar uma flor, ela murcha, perde seu perfume, não dura muito tempo, morre.
Cada uma tem sua característica apaixonante, suas cores, suas texturas, seus tamanhos, suas ocorrências (já que algumas desabrocham e morrem no mesmo dia, outras só desabrocham durante a noite e se fecham durante o dia, entre outras coisas perfeitas de DEUS), seus perfumes (algumas são consideradas mal-cheirosas, com cheiro muito forte ou fraco, derivando entre tipos de gostos mas culminando no fato de que, na mão humana, os cheiros considerados ruins podem ser a matéria-prima dos perfumes mais maravilhosos e inesquecíveis), enfim...
O modo mais belo de se ter uma flor não é carregando-a materialmente contigo, mas sim tendo-a nas lembranças. O perfume pode ser inesquecível, as pétalas bem macias, as cores perfeitamente contrastadas, mas não há nada mais belo do que tudo isso como um conjunto: a flor. Se você arrancá-la, ela perde tudo isso e morre.

5ª lição: A natureza e as criações de DEUS são perfeitas, não se pode mudar a natureza, ela é perfeita
como é, como DEUS quer que ela seja.

Descobri algo que eu achava impossível: algo que me fascina mais do que as flores. Na verdade não foi algo, mas alguém...
Não sei se é anjo, princesa, sonho ou tudo isso junto, só sei que é encantadora...
Eu a amo como DEUS ama suas flores, cuido dela como cuidei do meu pézinho de feijão e como cuidaria de uma flor, só que com muito mais amor.
Ela é o meu jardim.
Se eu fosse DEUS, dono deste jardim perfeito de flores de todos os tipos, criadas por suas próprias mãos, retratando todo o seu amor e beleza, diria: - Não mecha no meu jardim!
Como sou só o Emerson, eu digo: - Não mecha no meu jardim!
A frase é a mesma, mas o contexto não é. No primeiro caso, não mecham no meu jardim, no sentido de não arrancarem minhas flores. No segundo caso, não mecham no meu jardim, no sentido de não perturbar a harmonia do ser que tem resguardado o meu amor, completamente puro, íntegro e infinito. Não chegue nem perto, não olhe, não se aproxime, ela precisa viver e ser feliz, mas precisa estar com as raízes bem firmes, ou se entristecerá e ficará como uma flor morta.

Por: Emerson Nunes =]*

sábado, 26 de abril de 2014

De alguns tempos pra cá, me sinto um intruso neste mundo. Não entendo as atitudes das pessoas, não entendo os gostos delas, não entendo o que as leva a fazer o que fazem. Estou perdendo minhas esperanças de ser feliz. Esta vida é sofrida pra todo mundo e nunca leva a nada. Cedo ou tarde a morte chega e tudo fica pra trás. Mesmo que se tenha conquistado algo, outros é que vão desfrutar dele. O que me resta é tentar juntar tesouros no céu porque acredito em DEUS e ELE mesmo disse que não esperássemos a felicidade aqui mas sim ao lado DELE. O problema nisso é que não sou forte o suficiente pra buscar tesouros que são guardados no céu. Eu até tento mas, não consegui muita coisa. Minha esperança de ver um mundo melhor acabou, agora minha esperança é que tudo piore porque não tem outro caminho. Roubos, assassinatos, assaltos, estupros, banalização da família, enfim, isso só vai piorar. Sei que daqui a certo tempo nem nossa casa será segura. A maioria das pessoas vai passar a ser ruim. Matar, roubar, fazer o mal vão ser coisas normais. Pobre de mim que tinha esperança de que as pessoas teriam consciência e mudariam o mundo. Coisas simples como jogar lixo no chão não aconteceriam mais e isso já resolveria tantos problemas...
Cordialidades, educação, respeito, caridade. Meus filhos nem vão saber o que é isso.
Lepo Lepo, isso é uma agressão aos meus ouvidos, mas já estou pensando que perante tanta coisa que eu julgo ruim talvez eu seja o intruso neste lugar e os incomodados é que devem se retirar.
Eu não sei mais o que fazer, se eu pudesse me trancaria em casa, dentro do meu mundo, mas preciso ganhar dinheiro senão morro de fome. Tenho que encarar os assaltantes e os ladrões quando vou receber meu mísero salário e quando consigo chegar em casa com o que peguei tenho medo de sair pra comprar o que preciso e me tomarem o dinheiro no caminho. Já cansei de trabalhar, já cansei de estudar, não ganhei nada com isso, meu maior benefício é que se eu for preso não vão me colocar na cadeia junto dos presos que nunca estudaram e são julgados os mais perigosos, mas ninguém percebe que os piores são justamente os estudados e blá blá blá porque são inteligentes e escolheram ser ignorantes. Quem faz o mal sabendo o que é certo e o que é errado é o pior dos errados.